Samba da Vanguarda

0:00 / 0:00
Samba da Vanguarda

Esse samba vai pra Marcel Duchamp, 

John Cage e Jean-Luc Godard – c/ MD

É melhor ser vanguarda que ser kitsch

a vanguarda é a melhor coisa que existe

é assim a luz da revolução

mas pra ser de vanguarda com beleza

é preciso um bocado de surpresa

é preciso um bocado de surpresa

senão não se faz vanguarda não

Ser vanguarda não é contar nonada

quem age assim não é de nada

a vanguarda é uma forma de expressão

porque vanguarda é a certeza que dança

e a certeza tem sempre uma esperança

a certeza tem sempre uma esperança

de um dia não ser mais certa não

ponha muito furor numa demência

e vai ver que ninguém no mundo vence

a leveza que tem um furacão

porque a vanguarda nasceu lá na utopia

e se hoje ela é pop na poesia

se hoje ela é pop na poesia

ela é dadá demais no coração

Eu, por exemplo, o radical do traço, 

    Marcelo Dolabela, 

 poeta e dadamídia, o pop mais dadá de Beagá,

na linha direta de Rimbaud,

Saravá!

A bênção, Lygia Clark,

a nossa Mondrian da Alegria,

terra de Hendrix e João Gilberto,

a bênção, Oswald de Andrade,

tu que gritaste com humor todas as 

    minhas mágoas de amor,

 a bênção, Bashô,

a bênção, Tzara, 

a bênção, Ezra Mallarmé,

sua bênção, Hélio Oiticica

a bênção, Wladmir Maiakóvski,

a bênção, Safo Ono,

a bênção, meus maus Glauber Sganzerla,

vocês, sobrinhos de Vertov,

a bênção, Tarsila Crepax,

sua bênção Lewis Warhol,

a bênção, 

    todos os grandes tropicalistas do Planeta,

pop, dadá e antropófago,

lindo como os olhos moles de Pagu,

a bênção, Maestro Luciano Klhiébnikov,

parceiro e amigo querido,

que já viajaste tantas revoluções comigo

e ainda há tantas a viajar,

a bênção, Beüys Lichtenstein, 

    parceiro cem por cento,

você que une 

    a ação ao sentimento e ao pensamento,

a bênção, Baden & Vinícius,

amigos novos, parceiros novos,

que fizeram este samba comigo, 

a bênção, Maestro Walter Benjamin, 

que não és um só,

és tantos, 

    tantos como o meu fuzil de todos os sins,

inclusive o de Guimarães Joyce,

Saravá!

A bênção, que eu vou partir, eu vou ter que dizer a Zeus…